1.8.13

“Vizela é de todos”… Será?

Devo confessar que não estive presente na festa de apresentação dos candidatos da coligação: ninguém teve a decência de me enviar convite. Dizem que foi concorrida, animada e colorida. Até aqui nada de novo, se tomarmos como referência as festas da cidade ou mesmo a Oculis Calidarum. Nós estamos habituados a isso tudo, fica é um bocadinho mais caro ao erário público.

E discursos como motivo de animação não me parece que fosse apreciar. Gostos…

Ora, como não gosto de falar de cor, fui ao PlanoClaro (João, o som está horrível, nem parece seu!…) investigar o assunto.  E fiquei esclarecida.

Nas palavras do candidato Miguel Lopes, esteve “muito mais gente…o dobro das pessoas de 2009…na Casa do Povo”. (Ó Miguel, não faça disso uma sondagem ou ainda acaba convencido de que vai dar uma abada à outra lista.)
Para mim, isso apenas demonstra que o departamento de marketing da Coligação se aperfeiçoou ao longos destes quatro anos. Ou se quiserem, que os candidatos pertencem a famílias numerosas, o tempo ajudou e havia mais gente a desfrutar as esplanadas.  
Mas isto sou eu a desdenhar - como já referi, não tive o prazer de assistir.

Pelas reportagens, concluo que, se no plano dos recursos humanos houve grandes novidades, no plano dos discursos a coisa esteve pobrezinha. Talvez a ausência do Machado explique muita coisa.

O candidato Miguel Lopes, a meu ver, falou muito mas disse pouco. Poucas promessas. E vagas.

Do social, nada disse. De jeito, pelo menos.

Da politica desportiva, prometeu… cortes nos apoios aos clubes. Já estou a ver o Faísca a ter que tomar conta do CCD, outra vez.

Falou numa rede de transportes públicos a ligar as freguesias do concelho. Aplaudo esta.

O maior ênfase dedicou-o à criação do parque industrial. Não sei se por se tratar de uma antiga reivindicação local ou por ser o recente motivo de protesto de um familiar seu. Como sou crédula, acredito nas boas intenções das pessoas.

Enfim, parodiando um controverso dirigente lá do partido, pareceu-me um discurso “classista”, sebastianista e conjuntural qb.

Para o fim deixei a razão que me levou a ter esta trabalheira toda: o discurso arrebatador, capaz de mobilizar o eleitorado feminino e até feminista (estes temas tocam-me fundo), da candidata à AM. Foi mais ou menos nestes termos que foi analisado e descrito pelas nossas jornalistas locais.

E deixem que lhes diga, senhoras, se aquilo foi um discurso feminista, eu vou ali e já venho. “A força do trabalho das mulheres que fizeram nas fábricas aquilo que Vizela é hoje”, deve ser uma nova versão de feminismo avant-garde: a libertação da mulher através do trabalho escravo.
E termina com esta metáfora, que eu considero uma pérola do feminismo do século V, quando se discutia se a mulher tinha alma: “…vós precisais… nós precisamos de um homem que tome conta de nós!” Muito bem! Numa terra onde ainda é preciso convencer muitos homens de que as mulheres são cidadãos de pleno direito, uma mensagem como esta atrairá, com certeza, muitos votos… machistas.

De uma coisa tive pena: que não tivessem os peixotos a abrilhantar a festa. As majoretes fazem um vistão e então os cavalos!… Deixe lá, se ganhar tem quatro anos para financiar outra fanfarra que possa animar as vossas actividades partidárias. É que fanfarras e ranchos nunca são demais. Ocupam muita gente e ficam sempre bem - dão uma aura de cultura a esta terra tão carente.

No fim de contas, até concordo que “Vizela é para todos”. Agora façam o favor de concordar comigo: a melhor parte fica sempre reservada para o proveito de alguns.


(Dedicado a uma amiga, que me serviu de inspiração) 


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