Devo confessar que
não estive presente na festa de apresentação dos candidatos da coligação:
ninguém teve a decência de me enviar convite. Dizem que foi concorrida, animada
e colorida. Até aqui nada de novo, se tomarmos como referência as festas da cidade ou mesmo a Oculis Calidarum. Nós
estamos habituados a isso tudo, fica é um bocadinho mais caro ao erário
público.
E discursos como
motivo de animação não me parece que fosse apreciar. Gostos…
Ora, como não gosto
de falar de cor, fui ao PlanoClaro (João, o som está horrível, nem parece seu!…) investigar o assunto. E fiquei esclarecida.
Nas palavras do
candidato Miguel Lopes, esteve “muito mais gente…o dobro das pessoas de 2009…na
Casa do Povo”. (Ó Miguel, não faça disso uma sondagem ou ainda acaba convencido
de que vai dar uma abada à outra lista.)
Para mim, isso
apenas demonstra que o departamento de marketing da Coligação se aperfeiçoou ao
longos destes quatro anos. Ou se quiserem, que os candidatos pertencem a
famílias numerosas, o tempo ajudou e havia mais gente a desfrutar as
esplanadas.
Mas isto sou eu a desdenhar
- como já referi, não tive o prazer de assistir.
Pelas reportagens,
concluo que, se no plano dos recursos humanos houve grandes novidades, no plano
dos discursos a coisa esteve pobrezinha. Talvez a ausência do Machado explique muita
coisa.
O candidato Miguel
Lopes, a meu ver, falou muito mas disse pouco. Poucas promessas. E vagas.
Do social, nada
disse. De jeito, pelo menos.
Da politica
desportiva, prometeu… cortes nos apoios aos clubes. Já estou a ver o Faísca a
ter que tomar conta do CCD, outra vez.
Falou numa rede de
transportes públicos a ligar as freguesias do concelho. Aplaudo esta.
O maior ênfase
dedicou-o à criação do parque industrial. Não sei se por se tratar de uma
antiga reivindicação local ou por ser o recente motivo de protesto de um
familiar seu. Como sou crédula, acredito nas boas intenções das pessoas.
Enfim, parodiando um
controverso dirigente lá do partido, pareceu-me um discurso “classista”, sebastianista
e conjuntural qb.
Para o fim deixei a
razão que me levou a ter esta trabalheira toda: o discurso arrebatador, capaz
de mobilizar o eleitorado feminino e até feminista (estes temas tocam-me fundo),
da candidata à AM. Foi mais ou menos nestes termos que foi analisado e descrito
pelas nossas jornalistas locais.
E deixem que lhes
diga, senhoras, se aquilo foi um discurso feminista, eu vou ali e já venho. “A
força do trabalho das mulheres que fizeram nas fábricas aquilo que Vizela é
hoje”, deve ser uma nova versão de feminismo avant-garde: a libertação da
mulher através do trabalho escravo.
E termina com esta metáfora,
que eu considero uma pérola do feminismo do século V, quando se discutia se a
mulher tinha alma: “…vós precisais… nós precisamos de um homem que tome conta
de nós!” Muito bem! Numa terra onde ainda é preciso convencer muitos homens de
que as mulheres são cidadãos de pleno direito, uma mensagem como esta atrairá,
com certeza, muitos votos… machistas.
De uma coisa tive pena:
que não tivessem os peixotos a abrilhantar a festa. As majoretes fazem um vistão
e então os cavalos!… Deixe lá, se ganhar tem quatro anos para financiar outra
fanfarra que possa animar as vossas actividades partidárias. É que fanfarras e
ranchos nunca são demais. Ocupam muita gente e ficam sempre bem - dão uma aura
de cultura a esta terra tão carente.
No fim de contas,
até concordo que “Vizela é para todos”. Agora façam o favor de concordar comigo: a melhor parte fica sempre reservada para o proveito de alguns.
(Dedicado a uma amiga, que me serviu de inspiração)
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