6.8.13

Os vassalos do regime

Vassalo significa súbdito de um suserano. É um conceito próprio da Idade Média e está relacionado com o sistema de feudalismo. O vassalo era o indivíduo que pedia algum benefício a um nobre superior e em troca fazia um juramento de absoluta fidelidade. Os vassalos eram geralmente recompensados com um feudo que poderia ser terras, cargos, lugar num sistema de produção ou outros benefícios. Suserano é o nome atribuído àquele que doa o bem ou oferece proteção. Esse tipo de relação era conhecida como vassalagem.
O conceito de vassalo continuou a ser usado figurativamente para denominar o indivíduo submisso ou subordinado a algo ou alguém.
(www.significados.com.br)

Isto faz-vos lembrar alguma coisa?

A mim, confesso, veio-me à ideia quando dei uma vista de olhos ao renovado site do PS Vizela. No separador testemunhos, um rol de personalidades, ou lá como lhes queiram chamar, debitava, como num disco riscado, o slogan escolhido: Apoio Dinis Costa porque Vizela não pode parar. Acabei por não ir mais longe…. Isto já deve dar para uma crónica - pensei.

Certo é, que no referido site, desfila de tudo. Desde dirigentes do partido, regionais e locais, a médicos, actores, funcionários municipais, dirigentes de colectividades, empresários… 
Notei que há poucas mulheres a apoiar; ou foi falta de atenção da equipa ou o presidente está mesmo com a popularidade em baixo junto do eleitorado feminino.

E pensei, intrigada: será que os bem sucedidos têm voto de qualidade? Ou outras qualidades que os distingam e torne o seu apoio proveitoso? Sei (às vezes espreito a TVI), que certas figuras públicas, cantores, actores, desportistas, possuem uma espécie de aura e uma capacidade de atracção passíveis de histerizar multidões e mobilizar clubes de fans. Mas daí a fazer deles gurus…
Sei que a ostentação dos sinais exteriores de riqueza, impressiona o vulgo, é um óptimo cartão de visita e abre muitas portas; às vezes basta uns trapinhos de marca e um carrito bem artilhado para dar nas vistas, e dar a volta a cabeça a muita mulherzinha disposta a arriscar tudo por uma voltinha de cabelo ao vento. Mas daí a guias espirituais…

Até porque, por exemplo, a Clarinha pensa o contrário: não gosta de bonecos (ou bonecas), vaidosos e arrogantes, e por muita notoriedade que lhes reconheça, não acha que isso lhes outorgue qualquer ascendente, capacidade de persuasão ou espírito de liderança; mais (...ou menos!), quando a sua bagagem cultural se resume a conhecimentos vagos e sintéticos apreendidos nas selecções do reader’s digest, e nas conversas se limitam a discutir os casos dos penaltis do futebol nacional, os assuntos de trabalho, os lucros da bolsa, as memórias das últimas férias, ou as curvas da mulher que passou.  O que não sei se será o caso, aliás. Apontei isto, apenas como exemplo dos empresários de sucesso que germinam por aí.  

Voltando ao tema. Ora, se acredito que alguns expressem o apoio de forma desinteressada (por convicção, até), outros, cheira-me a esturro. Será que são o resultado de negociatas pouco transparentes, sei lá, ajustes directos, subsídios encapotados, licenciamentos ilícitos, favorecimentos indevidos? 
Então nesse caso, a frase de apoio devia ser: ao grande autarca que nos tornou mais gordos a nação agradecida. É que a outra, além de não dizer rigorosamente nada, presta-se a jogos de palavras que podem tornar-se incómodos: Vizela não pode parar… de  se endividar? …de se afundar? …de empobrecer?
Ao menos, com Francisco Ferreira era para continuar a crescer. Infelizmente, também se viu no que isso deu… 

Estou a divagar. Volto ao assunto.

Dirão que se trata apenas de mensagens de apoio. Mas, pergunto eu, então porque não dão voz ao cidadão comum, ao anónimo que, no banco da praça, ocupa o tempo a olhar as pombas, ou na margem do rio, passa a tarde a dar banho à minhoca?  Serão do contra? Terão, devido à situação ou por força das circunstâncias, razão de queixa do autarca? É certo que ele se esqueceu de plantar as árvores de fruto na rua principal que sempre davam para um lanche de pobre– mas esqueceu tantas outras promessas.

Bem, em resumo: o site está bem arreado, é apelativo, é capaz de vender bem o produto. Contudo, há duas questões que quero colocar aos responsáveis. Uma, porque não convenceram o presidente do CCD a liderar a lista dos subsidio-dependentes reconhecidos? Outra, que faz um estrangeiro na galeria dos penhorados, um que se assina Salvatori no Facebook, e é italiano, com certeza, tantos são os erros de português e os pontapés na gramática que dá no uso da língua..?


Moral da história: Vizela é de todos… mas há que tempos que a melhor parte está reservada para o proveito de uns poucos.

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