5.8.13

Voltas e rodopios

Deixemos de lado a campanha política e os seus ilustres intérpretes, que outros assuntos se sobrepõem, quer cronologicamente quer na escala de valores. Hoje, além das festas da cidade que estão aí a estoirar, houve dois acontecimentos dignos de registo: o regresso da volta à Póvoa, e um outro que descreverei mais adiante.

A volta à Póvoa é o ressurgimento de uma antiga tradição, haverá quem lhe chame “ramirada”, da nossa terra. Ramiro Guimarães podia não ser um primor de organização, mas tinha boas ideias. Cada evento que patrocinava era certo, certinho que redundava em anarquia, trapalhada, polémica... muitas histórias e boa disposição. Fosse o passeio cicloturista à Póvoa ou a festa de S. João; ora faltava a meta ora não havia juízes, tanto sobravam taças como falhavam critérios, ou não apareciam as sardinhas ou se esquecia dos balões… Balanço final, rotundo fracasso, mas um mar de recordações .

O de hoje não sei se foi diferente (pena o site da RV ter encerrado para umas merecidas férias), mas, pelo que ouvi, um repórter tentou fazer de Ramiro na distribuição de prémios. Não conseguiu, claro. Ao imitador, as asneiras saem-lhe naturais e em catadupa, o Ramiro só falhava na organização.

Também hoje, vivi uma experiência traumática que me levou mesmo a duvidar da minha tendência solidária : ao passear no parque das termas senti o meu sapato envolto por algo mole e pegajoso. Não adivinham, claro, mas era cocó de cavalo. Dos que lá andam a dar voltinhas a 3 euros para ajudar três associações vizelenses. Valeu-me ser moderna e andar na moda senão nem o pezinho escapava; os altos saltos das socas salvaram-me a pele de um contacto de terceiro grau com o monte de excrementos. Sinceramente, não apreciei o acontecido. E aproveito para reclamar. Eu sei que é por uma boa causa, tanto a Airev como os Bombeiros, como a fanfarra Peixoto merecem ser apoiados e acarinhados como instituições de utilidade pública, mas os inocentes passeantes do parque não merecem levar nos pés a factura das contribuições. Os cavalinhos não têm culpa, têm necessidades fisiológicas que não podem conter. Há muitos humanos, de resto, que também não se inibem de as satisfazer onde calha. Mas alguém tem que limpar. Não devem estar à espera que sejam os cisnes ou os patos do lago a arrumar a casa.

Ao terminar, verifico que ao misturar no texto expressões como campanha política, ramiradas, excrementos e voltas a cavalo, esta crónica pode dar azo a mal-entendidos e a causar polémica. Eu não pretendi tecer comparações nem criar analogias. Nada disso. É certo que tudo acaba em estrume, mas a natureza dos equídeos nada tem a ver com o carácter dos políticos.

E já que estou com a mão na massa, aproveito para explicar porque é que este post é mais curto do que os anteriores. Aprendi num filme uma boa regra editorial:  no writing longer than an average person can read during an average crap.
Não traduzo para não ofender.


(Só não dedico esta crónica ao sr. Ramiro Guimarães, pessoa que eu estimo de verdade, porque ele merece mais do que este post...de merda)

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