28.7.13

Miguel Lopes à frente da Câmara

Não, o nosso presidente ainda não abdicou, apesar da gestão desastrosa que aplicou ao município e do calamitoso estado das finanças municipais.


Não, o atual presidente não foi demitido, apesar da relação de forças nas reuniões da câmara se ter invertido.

Não, não se trata de mais uma sondagem do DDV ou do Ruptura Vizela – que a essas ninguém leva a sério

Pelo contrário, o meu título é actual, factual e verídico.

O candidato da coligação encontra-se, de facto, à frente da câmara - de costas para o edifício municipal e de frente para a praça do senhor Antunes, num outdoor de propaganda política.

E não é pouco, como atitude de desafio e de provocação. Dizem que ao presidente tem tirado anos de vida.

Logo agora que precisa de toda a concentração e engenho para resolver o assunto das listas. Decidir quem será o seu delfim, ocupando o numero 2 e quem ficará de trombas ao ser relegado para o último lugar do pódio. E ainda escolher os figurantes ( ou os figurões) para os lugares que se seguem. Aqui, tem sempre a ajuda do professor Faria ( o outro - o do Ruptura) que o tem assessorado, sugerindo nomes, elaborando listas, dando palpites como quem tira coelhos da cartola.

Numa pausa do sorteio do pimpampum com os nomes da Dora e do Vitor Hugo, o presidente ainda pensou recorrer ao pessoal, para que uma causa natural - um tractor desgovernado ou uma súbita rajada de vento - derrubasse acidentalmente aquele outdoor, que lhe ensombra a vista e lhe assombra os dias. Mas depois daquele episódio, ainda na anterior gerência, em que um deles foi às fuças ao vinagre, os homens andam pouco cooperantes… “Claro! …ainda mais agora que estão à aguardar para ver de que lado sopra o vento…”


E assim, dia após dia, é sempre a mesma rotina: quando o presidente sobe a rampa miram-se em ar de desafio. Um, com o esforço da passada e o ónus do passado a dificultar-lhe os movimentos – o outro, majestoso, sereno, reluzente, à espera, com o meio sorriso de gozo estampado na cara, como que a dizer: aproveita enquanto podes.


“Agora, só falta mesmo é chaparem a cara do renegado no outro cartaz, de frente para o meu  gabinete, para acabarem de moer a pouca paciência que me resta….” 

27.7.13

O candidato desaparecido

Uma das manchetes dos jornais de hoje foi o desaparecimento misterioso de uma candidata à câmara. Num primeiro relance ao expositor, pensei: deve ser gralha da tipografia, ou lá do maquinismo em que se imprimem os jornais, trocaram o género: isto só pode tratar-se do doutor chico.

Depois de ler o primeiro parágrafo verifiquei que me tinha enganado. Que as semelhanças entre os dois casos se ficavam pelo título. O resto era até completamente antagónico.

No caso de Mirandela, o assunto é sério e não do género da palhaçada que o doutor andou para aí a protagonizar.

Na ocorrência transmontana, o acontecimento está a gerar angústia e preocupação; no caso que nos toca, foi fonte de alívio para muito boa gente. E de chacota, para outros. Pelo que se diz, andava alguém com o rabinho apertado.

No caso de Mirandela sabe-se que a judiciária se encontra a proceder a investigações. Como é habitual, de resto. Aqui, até se diz que a investigação antecedeu o desaparecimento. O que me custa a crer. Não é que duvide da eficiência dos agentes da lei, mas daí a serem bruxos…  Em caso algum, os efeitos podem vir antes das causas. Ou não é assim?

Certo, certo é que ambos se encontram desaparecidos.

O nosso episódio, contudo, não deixou de ser apaixonante. Durante semanas a fio não se discutiu outro assunto, fosse nas mesas de café, fosse nos bancos da praça, nos privados dos restaurantes ou no sigilo das sedes partidárias. Traçavam-se cenários, forjavam-se conjunturas, teciam-se conjeturas, eu sei lá!...    

Tanto barulho para nada!

O homem aparece, faz promessas e ameaças e depois desaparece numa nuvem de mistério. Faz-me lembrar os cometas que ciclicamente rasam a órbita da terra aos quais os crédulos e os ignorantes atribuem propriedades catastróficas e efeitos apocalípticos.  Após a sua passagem verifica-se que tudo não passou de um logro. Que os receios eram infundados e que afinal a vida segue o seu ramerrão habitual.  

Com o aparecimento das novas tecnologias já nem as crianças acreditam nestes dragões de fumo. Podem, no entanto causar sensação como atração de feira. E as festas da cidade estão à porta…

24.7.13

A transferência do ano

Qual Bruma, qual quê!! Nem Moutinho nem James juntos valem em polémica a mudança de Carlos Faria da equipa do PS para a da Coligação. Uma autêntica bomba, equiparável a ida do Messi para o Real Madrid ou ao regresso do Cristiano Ronaldo ao Andorinhas.

Excluindo a intervenção divina e das artes mágicas, isto só pode ter acontecido – pensei eu - por obra e graça de um super-agente. Apenas o maior traficante de mercenários desde a guerra dos 100 anos, o empresário Jorge Mendes seria capaz de tal milagre.

Contactado por mim, o conhecido agente FIFA negou hoje qualquer intervenção sua naquela que já é considerada a transferência do ano. Despachou-me apressadamente, referindo que é demasiado honesto para se meter com políticos e não negoceia presidentes, caso contrário, há que tempos que o Pinto da Costa era presidente do Benfica.

Por seu lado, o nosso ainda presidente recusou-se a prestar declarações oficiais. Entre linhas e resmungos, lá foi murmurando o que me pareceu ser, há gente que cospe no prato onde come ou há cães que não conhecem o dono - não percebi muito bem. Falou naquele seu dialecto esquisito de quem se deitou tarde e passou mal a noite.

Restava-me contactar o vereador, o foco do problema. Este reconheceu que não foi de ânimo leve que se transferiu, “não gosto de mudanças, dão sempre uma enorme trabalheira e muito stress… Ainda me lembro de que quando fui despejado do Turismo, estive dias e dias sem dormir…”

Em relação à mudança que se anuncia, disse: “Teve que ser… na actual conjuntura não posso pactuar com despesistas. Veja, por exemplo, o que a actual edilidade gastou com o clube da minha terra, e do qual por acaso até sou o presidente, ao longo deste mandato. Uma pipa de massa para pagar a bancada, um sintético, os encargos mensais… um exagero. Sou redondamente contra tamanho desperdício. Aliás, só não me manifestei antes porque a minha lealdade partidária e o meu estatuto não o permitia. Por isso mudei, para que, quando ganharmos, o futuro presidente e meu colega de lista ponha finalmente termo a este despautério.”

Ainda há gente muito boa nesta terra…